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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Os novos pais



Mudam fraldas, dão o biberão e o banho, brincam cada vez mais com os filhos, estão atentos à sua educação e cuidam deles quando estão doentes. Em caso de divórcio reclamam a guarda conjunta ou até mesmo o poder paternal total porque – dizem – têm tanto direito como as mães e recusam-se a ser pais apenas de 15 em 15 dias


Este é, pois, o retrato da maioria dos pais da actualidade, que em nada se assemelha à austeridade e distância que fazia parte da relação pai-filho de antigamente. Esta “aproximação” não é recente mas tem vindo a ser feita paulatinamente e já se reflecte mesmo em caso de divórcio do casal. Segundo o Censos de 2001, do universo de crianças a viverem ou com o pai ou com a mãe (132 mil), cerca de 1500 vivia exclusivamente com o seu progenitor mas entre os restantes casos alguns repartiam o poder paternal equitativamente. Os números são ainda “tímidos” mas já começam a soprar ventos de mudança.
O homem de hoje está diferente. Tem uma mentalidade mais aberta e inovadora que escapa ao estereótipo machista que dominava há umas décadas. Mostra-se mais atento ao que acontece à sua volta, nomeadamente no seio da família, e está a par das mudanças sociais sem se importar com a sua imagem e sem sair com a sua masculinidade ferida: mudar fraldas, dar o biberão ou brincar com os filhos de igual para igual está definitivamente in. Muitos – confessam eles – até dão continuidade à criança que ainda têm dentro de si. Por outro lado, e embora a carreira seja importante para estes homens, a partir do momento em que os filhos nascem lutam pelos seus direitos e gozam as licenças de paternidade e ficam em casa quando os mais pequenos estão doentes. Afinal, a maioria das mães também trabalha e um dos dois teria de faltar ao trabalho. Se dantes a regra era a mãe faltar, hoje já não é tanto assim.

AS CAUSAS
Não se resumem apenas a uma questão de mentalidade. Desde a emancipação feminina no geral e em particular a partir do 25 de Abril em Portugal que a mulher tem vindo a desempenhar um papel cada vez mais activo na sociedade e no mercado de trabalho, o que de certa forma determinou igualmente que o outro membro do casal começasse a participar mais na vida doméstica, desde as tarefas ao cuidado dos filhos. A estrutura da família tradicional começou portanto a alterar-se: o pai deixou de ser o principal provedor da economia do lar (enquanto a mãe cumpria as suas funções de dona de casa), para se passarem a repartir horários e responsabilidades. Apesar da mudança, ainda falta muito para se atingir o ponto de equilíbrio. Alguns estudos internacionais evidenciam que as mães dedicam aos filhos, em exclusivo e em média, cerca de 25 horas semanais, contra pouco mais de 12 horas da parte dos pais.
Em alguns países, nomeadamente na vizinha Espanha, a dificuldade cada vez maior de conciliar casamento/filhos/profissão está a afectar um número crescente de casais que procuram uma saída para esta situação stressante. Uma das mais comuns é que um deles deixe de trabalhar para se dedicar à organização da casa e à melhoria da qualidade do tempo que se está com os filhos. Regra geral, fica o que ganha menos, podendo ser o homem. Esta nova tendência tem contudo um reverso da medalha. Uma investigação levada a cabo por um sociólogo americano revelou que 66 por cento dos pais que optam por ficar em casa se sentem um pouco isolados, em comparação com as mães na mesma situação, em que apenas 37,5 por cento referiu sentir o peso da solidão. Neste estudo eles queixavam-se ainda de falta de tempo livre, de monotonia, e estavam preocupados com o regresso às suas carreiras profissionais. Mesmo assim, esta análise sociológica mostrou de igual modo que metade dos pais declarava estar “muito satisfeitos” com as suas novas funções. Nunca há bela sem senão...

A ajuda da Internet

Não há dúvida de que este meio de comunicação de massa veio revolucionar a nossa vida. Perdoam-se os contras a favor dos seus prós. Actualmente são muitas as profissões que podem exercer a sua actividade a partir de casa, com poucas ou nenhumas necessidades de deslocação às sedes das empresas, o que permite a muitos pais com filhos pequenos optarem por ficar em casa (a tempo parcial ou total) sem terem de deixar para trás as suas carreiras e consequente perda de remunerações. Muitas empresas hoje em dia até fomentam esta possibilidade, que pode ser benéfica para todos.



F: Coisadecriança

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